ENEGE debate inclusão da geoconservação nas políticas públicas

Por Karolina von Sydow

A geoconservação tem um papel fundamental para o uso sustentável da geodiversidade e do patrimônio geológico. Com base nesse pressuposto, a pesquisadora e coordenadora do GeoHereditas, Maria da Glória Garcia, apresentou palestra, na última quinta-feira, 03/06, durante a segunda Semana Nacional de Integração Geológica Online (II SENIGEO), sobre a importância do incentivo a políticas públicas voltadas à conservação de recursos abióticos, que em conjunto com a biodiversidade, possibilitam a vida na Terra.

Em referência ao pensamento do geólogo e pesquisador britânico, Murray Gray, que visualiza a geodiversidade como a “espinha dorsal” da geoconservacão, ao longo de sua explanação, Maria da Glória traçou um panorama dos principais conceitos que rodeiam o tema, que são objetos de estudo e fazem parte do escopo de ações do GeoHereditas, e justificam a necessidade do planejamento e gestão de ações governamentais direcionadas à conservação da natureza em geral para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciências e a Cultura (Unesco), até 2030.

Dentre as questões abordadas, foram debatidas: a importância da geodiversidade e o estabelecimento de categorias que caracterizam a complexidade da variedade geológica existente no planeta; as estratégias aplicadas em geoconservação, principalmente o trabalho de inventário e diagnóstico de locais de interesse geológico e científico, sobre o qual o NAP apresenta uma série de pesquisas concluídas e em andamento.

Além disso, foi abordado o significado, os tipos e os benefícios dos serviços ecossistêmicos à sociedade, tema de pesquisa do próprio Gray; a importância do geoturismo para o desenvolvimento econômico e socioambiental; as iniciativas voltadas a ações de promoção e divulgação científica e das geociências, entre outras.

Segundo a geóloga, o estudo e levantamento de todos esses dados podem auxiliar na construção de políticas públicas destinadas à conservação da geodiversidade e do geopatrimônio para futuras gerações, principalmente considerando o cenário de que mais de 70% dos geossítios de São Paulo encontram-se em espaços públicos e necessitam de medidas protetivas. “No Brasil, não existe uma legislação específica para proteger o patrimônio geológico, por isso as políticas públicas podem oferecer instrumentos de proteção do meio ambiente”, destacou ela.

Além de programas de conservação ambiental, a coordenadora do GeoHereditas ressaltou a importância do investimento em políticas públicas de educação, a partir do fortalecimento do ensino de geociências desde o ensino básico até a universidade; incentivo de práticas de educação ambiental; formação de condutores ambientais e guias de turismo; fomento à criação de parques temáticos e áreas protegidas; valorização do geoturismo.

O evento, cujo tema deste ano é “Geologia e a Sociedade”,  é uma iniciativa daExecutiva Nacional dos Estudantes de Geologia (ENEGE) e tem o objetivo de debater a geologia em múltiplos aspectos, destacando os principais trabalhos de pesquisas que vêm sendo realizados no âmbito acadêmico. Confira a palestra na íntegra, acessando o link: https://www.youtube.com/watch?v=M2JI992dfKk.

0
Gostaríamos de saber sua opinião.x