Ensaios experimentais

Intemperismo e ações antropogênicas são responsáveis pela modificação da aparência, características físicas e propriedades mecânicas das pedras usadas em edificações.

Um dos grandes agentes de alteração dos materiais pétreos é o ambiente urbano poluído. Para simular tais ambientes, como é o caso da cidade de São Paulo e caracterizar os danos por eles causados, as pedras são expostas à atmosfera ácida em câmaras de intemperismo artificial. Outros testes que podem ser realizados são imersão parcial em soluções ácidas e alcalinas, e choque térmico.

Os testes de imersão podem dar um indicativo da resposta da pedra a produtos de limpeza, explicando o aparecimento de manchas e esmaecimento da cor. Estes ensaios foram realizados no Granito Itaquera, Granito Cinza Mauá, Granito Preto Piracaia, Gnaisse Facoidal e em mármore branco.

Teste de imersão parcial de NaOH no Granito Preto Piracaia
Ação da urina artificial no Granito Rosa Itupeva e no Granito Preto Piracaia.

A exposição à ação da urina humana e/ou animal também provoca degradação dos materiais rochosos. O Granito Itaquera, o Granito Rosa Itupeva e o Granito Preto Piracaia foram imersos parcialmente em urina artificial. A escolha da urina artificial deu-se por questões de salubridade e devido a sua composição constante.

 

A aplicação de consolidantes em pedra é um assunto muito pouco explorado no Brasil e existe uma preferência generalizada por um único produto, o Paraloid B72, não importando o tipo de pedra e suas características intrínsecas.

Uma pedra que temos estudado é o Arenito Itararé. A consolidação desta pedra é particularmente dificultada devido à presença de argilominerais expansíveis do grupo da montmorillonita na sua constituição. 

Deterioração do Arenito Itararé.

Por isso, previamente à consolidação foram aplicados produtos que inibem a expansão dos argilominerais ou produtos pré-consolidantes. Ainda não temos resultados muito promissores para esta pedra. Entenda a complexidade do Arenito Itararé e o problema que é a sua conservação.

Confira algumas referências sobre esse estudo:

Grossi D. 2016. Avaliação da aplicação de consolidantes no Arenito Itararé, constituinte da fachada do Teatro Municipal de São Paulo. Tese de Doutoramento, Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo (IGc-USP), 242 p. 

Del Lama E.A., Szabó G. A. J., Dehira L. K., Kihara Y. 2008. Impacto do intemperismo no arenito de revestimento do Teatro Municipal de São Paulo. Geologia USP – Série Científica, 8(1):75-86. 

Uma alternativa para proteger a pedra é aplicação de produtos hidrofugantes, antigraffiti e autolimpantes. Os produtos hidrofugantes poderiam ser uma alternativa para o Arenito Itararé, pois a montmorilonita expande-se na presença de água, e impedindo seu contato com a mesma, não há expansão, auxiliando na sua preservação. A teoria sempre funciona melhor que a prática.

A pichação é um problema nos grandes centros urbanos. Em superfícies pétreas, sua remoção pode ser difícil, onerosa e ainda provocar danos no substrato. Produtos antigraffiti podem facilitar a limpeza de superfícies vandalizadas. Um produto promissor para a limpeza de superfícies pétreas é a titânia, que é autolimpante. Seu uso no Brasil é relativamente novo e pesquisas estão em andamento.

Intervir no patrimônio construído altera sua autenticidade, assim qualquer tratamento deve ser exaustivamente testado e sua nocividade avaliada.

Entenda como funciona a ação destes produtos nas rochas, conferindo estudo no artigo Grossi D. & Del Lama E.A. 2018. Avaliação da eficácia de hidrofugantes e antigraffiti no Arenito Itararé. Geologia USP – Série Científica, Revista do Instituto de Geociências-USP, 18(4):43-55