Geoconservação em áreas protegidas

As áreas protegidas são alguns dos últimos redutos em que a natureza e os ecossistemas se encontram minimamente preservados. Por isso, elas têm um papel muito importante no bem estar, qualidade de vida e na conexão com o meio natural. A gestão destas áreas tem influência, por exemplo, na provisão de água e como aliada na mitigação de problemas ambientais, tais como mudanças climáticas e desastres naturais. Entretanto, é importante que esta gestão considere a integração de todo o meio natural, tanto a biodiversidade quanto a geodiversidade. Só assim será possível promover políticas realmente amplas de conservação da natureza.

Em termos globais, o órgão responsável pelas diretrizes de gestão para as áreas protegidas é a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). A IUCN foi criada em 1948 e, até recentemente, reservou seus esforços quase que unicamente à conservação da biodiversidade.  Desde 2008, no entanto, a IUCN vem incluindo a conservação da geodiversidade e do patrimônio geológico em sua agenda.

No Brasil, as áreas protegidas recebem o nome de Unidades de Conservação (UC) e são regidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Como ocorre no âmbito mundial, em geral tanto a criação destas áreas como sua gestão são fortemente baseadas nos valores que regem a biodiversidade. Sabe-se, entretanto, que muitas destas áreas contêm uma rica geodiversidade, que é parte integrante e fundamental na configuração do sistema ecológico local.

Por isso, as iniciativas voltadas à geoconservação nestas áreas são tão importantes. Conheça algumas delas:

Geossítios da APA Marinha Litoral Centro

Esta iniciativa foi fruto do inventário do patrimônio geológico do estado de São Paulo. Cinco dos geossítios incluídos neste levantamento inserem-se nos limites da Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro (APAMLC). Eles foram instituídos como Áreas de Interesse Histórico Cultural (AIHC) e incluídos no Plano de Manejo que foi aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA) em junho/2019.

Os geossítios estão localizados em quatro municípios: Peruíbe (Granulitos de Peruíbe), Guarujá (Relações de contato da Ponta das Galhetas), Itanhaém (Gnaisses e migmatitos da Cama de Anchieta) e Bertioga (Milonitos da Praia de São Lourenço e Falésias em Terraços Marinhos de Itaguaré). Em conjunto, estes locais contam uma longa história geológica, que vai desde o Paleoproterozoico (mais de 2 bilhões de anos) até o recente. Em conjunto, estes locais contam uma longa história geológica, que vai desde o Paleoproterozoico (mais de 2 bilhões de anos) até o recente.

Parque Estadual da Serra do Mar: Núcleo Caraguatatuba

Serra do Mar no Parque Estadual da Serra do Mar, Caraguatatuba, SP.

No litoral norte paulista, os impactos à geodiversidade têm sido principalmente relacionados a pressões por desenvolvimento econômico e mudanças nos padrões de uso da terra, afetando também as UCs e respectivas zonas de amortecimento, que exercem um importante papel na manutenção dos ecossistemas. O objetivo deste projeto é desenvolver uma proposta metodológica voltada à conservação e ao uso da geodiversidade no Núcleo Caraguatatuba (área piloto), para sensibilizar a população quanto à importância das UCs na manutenção de bens e serviços providos pelos ecossistemas.

As seguintes etapas foram elaboradas:

i) Diagnóstico – avaliação da geodiversidade, identificação dos serviços ecossistêmicos da geodiversidade, avaliação da percepção da sociedade;

ii) Formação e divulgação – formação de professores, divulgação geocientífica, tecnologias geoespaciais na geração de (geo)produtos e;

iii) Envolvimento e comunicação – atividades em conjunto e busca de soluções que envolvam todos os atores sociais.

Veja os produtos educativos e divulgação produzidos nesse projeto.